By Sofía García Soto

Abstract

Born and raised in Puerto Rico, I developed a deep connection with nature, spending much of my time exploring the outdoors. Unexpectedly moving to the United States, I often felt disconnected from my new environment, constantly longing for the familiarity and warmth of my island home.

In the fall of 2024, in Frank Sousa’s “Advanced Portuguese Grammar” class, we were assigned to write a composition on the theme “Quem Sou Eu” (“Who Am I”). Initially, this assignment intimidated me, as I grappled with the idea of identity and belonging. Eventually, I chose to explore my transition from the rural countryside of Puerto Rico to the urban expanse of Boston, drawing inspiration from the literary works of Luís de Camões, a Portuguese poet we frequently studied in class. Camões' poetry frequently explored themes of nature and love, offering vivid depictions of nature and humanity. His ability to poetically intertwine natural elements with human emotions resonated with my own journey, inspiring me to write “Do Campo a Cidade” (“From the Countryside to the City”), where I recount my earliest memories and how they have shaped who I am now. This project allowed me to reflect on my own identity, to embrace the complexities of my upbringings, and to find the courage to chase my future beyond the familiar horizons of my home.

“Do Campo para a Cidade: Quem Sou Eu”

Minha primeira memória é de um peixe-peregrino me assustando no final de um passeio da Pequena Sereia. Nós sentamos em uma concha que nos guia pela vida de Ariel. Foi em 2007; minha primeira vez no mundo de Walt Disney. Minha família era composta por 6 pessoas: três irmãs, minha mãe, meu pai e eu. Costumávamos viajar para a Flórida, nos Estados Unidos, para o lugar mais mágico da Terra.

Posso ainda sentir o cheiro dos waffles de Mickey Mouse, ver as luzes brilhantes do Castelo da Cinderela e sentir o abraço caloroso do Pateta. Quando não ficava explorando o mundo das princesas e magia, meu tempo era passado no meu quintal, na ilha, mais encantadora do mundo.

Eu nasci em Porto Rico, uma ilha pequena no mar caribe, onde o sol brilha todos os dias. Minha infância foi passada ao ar livre, explorando o mundo perto de mim. No meu quintal, que era enorme, havia três cavalos: Tormento, Two Socks e Diamond; três cachorros: Lola, Lala e Cashmere; e uma multidão de lagartas, galinhas, e vacas. Minhas avós eram apaixonadas por cavalos. Todos os fins de semana, nós os passávamos nos estábulos, limpando baias, banhando os cavalos e, acima de tudo, montando. Desde que eu podia andar, eu podia montar. Meus primos e eu costumávamos andar pelos estábulos, o som das patas dos cavalos ressoando pelas ruas. Andávamos pelo bairro em busca de terrenos planos. Assim que encontrávamos uma área verde aberta, soltávamos as rédeas e deixávamos o cavalo nos guiar. Os pássaros eram sempre muito barulhentos, geralmente cantando quando nos aproximávamos montados. Aqueles momentos eram emocionantes, com o ar antes parado, agora soprando em meu rosto. O antigo campo silencioso agora estava cheio de nossas risadas e dos sons dos cavalos galopando. O som da respiração pesada do cavalo enquanto ele galopava pelo campo de grama era eletrizante. Eu podia sentir meu coração disparar, assim como o do cavalo. Minha ilha, para mim, tinha mais magia do que qualquer outro lugar.

Nunca pensei que minhas aventuras deixariam meu quintal. Até que minha mãe compartilhou a notícia de que estávamos nos mudando aos Estados Unidos. Nós chegamos em Boston. Quando cheguei, me encontrei numa cidade movimentada, onde altos edifícios de vidro perfuravam o céu e as ruas eram frequentemente inundadas por carros e ônibus apressados em direção a seus destinos. Os sons familiares da natureza foram substituídos pelo zumbido da vida urbana, uma sinfonia de buzinas e conversas. Foi uma transição difícil, do campo para a cidade. Onde antes eu era acordada pelo canto dos galos cantando sua canção matinal, agora eu acordava com o som de buzinas e carros passando.

Eu não podia mais caminhar até a casa da minha avó para assistir a filmes ou ir ao meu quintal para brincar com meus cachorros e cavalos. Estava confinado a um apartamento perto da cidade. Eu podia ver as pontes conectando terras e arranha-céus que pareciam tocar as nuvens. Comecei a comparar minha nova vida com a antiga, nunca completamente satisfeita, sempre sonhando e esperando poder voltar aos meus estábulos.

Ainda me sinto assim. Anseio pela minha infância e desejo ter permanecido naquele cavalo. Desejando que os Estados Unidos permanecessem como Florida, o lugar mais mágico da Terra, em vez do meu novo lar.

Mas minha nova aventura se tornou clara para mim. Eu vim aqui para estudar, para construir uma carreira para mim mesma. Meu novo lar me trouxe oportunidades, aquelas que eu nunca teria encontrado em Porto Rico. Encontrei uma paixão na enfermagem e em ajudar os outros. Deixar Porto Rico abriu meus olhos para a magia, a beleza que eu possuía. A capacidade de me aventurar e criar meu próprio mundo, não importa onde eu estivesse, sempre busquei a felicidade.

Não faz muito tempo eu corria atrás das princesas pelas ruas e perseguia os cavalos nos meus estábulos. Agora, eu persigo meu futuro e espero que, onde quer que eu termine, eu me sinta tão livre quanto um cavalo galopando pelo campo.

Biographical Statement - Sofía García Soto

I am currently a fourth-year Nursing student with a minor in Portuguese Studies at the University of Massachusetts Lowell.